segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Ah se...

E então ele a viu, ela estava la, dançando, com aquele vestido colado, um copo na mão e um sorriso no rosto.
E quando ela dançava , era como se o mundo parasse para ver, o jeito com que ela jogava o cabelo e sorria, ahh e como ela sorria.
Talvez fosse o efeito do álcool, ou uma felicidade exorbitante, mas ela sorria, sorria o tempo inteiro, sorria para todo mundo, e ele pensou, mas talvez ela só precise sorrir.
E ele estava certo, ela precisava sorrir, precisava estampar no rosto a tal felicidade que ela busca constantemente, aquela que ela ainda não achou, mas que não vai parar de procurar.
Ah se ele soubesse, que ao sorrir ela apenas se protege, se ele soubesse que aquele copo esta cheio de esperança e um pouco de vodka, esperança de que uma hora aqueles sorrisos farão mais sentido.
Ah se ele a conhecesse, parasse de olhar para ela e lhe desse um Oi, ele saberia que ela não é mais uma menina com um vestido colado e um copo na mão.
Saberia que ela esta ali dançando e sorrindo, pois é ali que ela extravasa e esquece dos seus medos, os medos de que talvez tudo aquilo que ela sempre soube que merecia, não vai chegar.
Ah se ela soubesse, soubesse que ele não é apenas mais um espectador do seu sorriso, mas ele poderia ser o motivo de todos eles.
Mas à ele falta coragem, coragem de ser o que ele acha que ela já tem, e à ela falta crer, crer que ela não precisa ser forte o tempo todo.
Mas ah se ele soubesse, se ele soubesse que por trás da onça que lhe intimida, existe um gatinho escaldado, que caiu no balde de água fria e desde então não quer mais se molhar.
Ah se o mundo soubesse, soubesse que as coisas do coração são simples, mas as pessoas são complicadas.
Ah se ninguém a tivesse magoado...
E então ele a vê, por fora, de longe, dançando, bebendo e sorrindo, mas ah se ele a conhecesse...